terça-feira, 21 de maio de 2024

OBSOLECÊNCIA

OBSOLECÊNCIA


O meu tempo se foi sem que atinasse:

Eu, quando dei por mim, já não servia.

Como a viver senão de nostalgia

Ou de quinquilharia eu não passasse.


Obsoleto de todo, quanto olhasse

Tão-só faria ver sem serventia

Cada mínima coisa que eu fazia,

Se co'a devida luz m'examinasse.


Quando não um , após anos sendo usado,

Nos fundos d’um belchior, abandonado,

Eu resto entre outras tantas bagatelas.


O meu tempo passou sem que soubesse.

Que sou senão memória que s’esquece

Ou outro fauno evitado por donzelas?


Betim - 20 05 2024


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