sexta-feira, 5 de setembro de 2025

EM SÃ CONSCIÊNCIA

EM SÃ CONSCIÊNCIA 


Àqueles que me têm por problemático

Ou mesmo de difícil convivência,

Pondero que atravesso esta existência

Imerso n’um silêncio sorumbático.


Embora quase sempre errado e errático,

Busquei senão dos mansos a inocência.

Tive, contudo, em paga da experiência

Antes incompreensão do que algo prático:


— "Celerado!" —  jogaram-me na cara,

Enquanto m'exaltava face à ignara

E obscurantista visão de meus juízes.


Se se levantam contra mim, talvez 

Haja alguma razão na insensatez

E a má-fé n'este chão deitou raízes...!


Betim - 06 10 2024

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

COISAS D'AMOR

COISAS D'AMOR


Se eu escrevesse apenas sobre o amor,

Como tantos costumam escrever,

Mais gente a mim talvez quisesse ler

Sabendo-me alguém douto pela dor.


Alhures, o interesse é bem maior

Quando, escrito co'as cores do prazer,

O poema — ou o que melhor lhes parecer —

Traz aos outros um pouco de calor.


Eu, todavia, escrevo como vejo.

Se poetasse em função do meu desejo,

Tão-só repetiria obviedades.


Escrevo, muito embora desaponte

Àqueles que o amor têm por horizonte,

Imerso em ordinárias realidades.


Campos do Jordão - 02 09 2025