sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

MANUSCRITO

MANUSCRITO

Inútil buscar outra folha em branco
Para me receber o verso amaro;
Tampouco iluminar na noite em claro
Todo o desassossego d'olhar franco.

Forçoso é admitir que não estanco
A chaga d'onde me jorra o sangue amaro;
Malgrado os perdigotos que disparo
Nos versos que de peito agora arranco.

É sempre sobre a noite mais escura...
Fique de próprio punho como alerta
Para os que como eu têm a vida incerta!

Possa quem se valer d'essa leitura,
Saber atravessar a hora sombria,
Em plena escuridão e ventania...

Belo Horizonte - 06 01 2000

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