domingo, 16 de abril de 2023

CARRO DE BOIS

CARRO DE BOIS


Chia em meio às lembranças dos grotões,

Quando passo por onde ele passava.

Em toada lenta, é quanto carregava

Que fez de mim quem sou n’estes sertões.


Passou o tempo vão das ilusões,

Do qual minh’alma só se fez escrava:

N’uma carreira louca me apressava

Correndo o abecedário das Nações!


Hoje, de volta ao meu torrão natal,

Eu sinto aquele dia tal-e-qual,

Como se nada houvesse aqui mudado.


De facto, a bordo d’um carro de bois,

Até o tempo aqui passa depois,

Sem saber se presente ou se passado.


Sobrália - 22 12 2020


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