sexta-feira, 22 de março de 2024

UM POBRE MAIS POBRE QUE EU

UM POBRE MAIS POBRE QUE EU


Andava tão perdido em pensamentos,

A recolher-me os cacos pelo chão,

Que de minha miséria ostentação 

Eu fiz sem me poupar padecimentos.


Foi quando me surgiu nos desalentos

Topar d’entre os paupérrimos um grão:

Era um senhor de imensa solidão,

Diletante dos seus próprios lamentos.


Vinha d'olhar perdido e ensimesmado

De modo que ao passar bem ao meu lado

M’esbarrou sem pedir sequer licença. 


Seguiu pelo caminho indiferente,

Deixando o seu vazio de presente,

A ponto de negar minha presença. 


Belo Horizonte - 20 03 2024

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