quinta-feira, 25 de setembro de 2025

A CONSELHO MEU

A CONSELHO MEU


Conselho que te dou: Tem por mais certo

E sábio não querer quem não te quer!

Aquela que te vê como um qualquer

Nada terá senão o olhar deserto...


Procura o teu caminho, longe ou perto,

E encontra a solidão que te aprouver.

Errada te há-de ser toda a mulher,

Visto que o coração tens encoberto.


Dá tempo ao tempo. Não te desesperes.

Cuida apenas de ti e teus haveres,

Aceitando o Universo em movimento.


No mais, que seja bela a tua estrada!

Há mais paz n’uma longa caminhada

Do que nos amplos vãos do sentimento.


Belo Horizonte – 25 09 2025

terça-feira, 9 de setembro de 2025

DESAPEGO

DESAPEGO


Aquilo que foi meu não me possui;

Eu deixo para quem melhor servir.

Se não busco ao passado o meu porvir,

Tampouco resto à casa enquanto rui.


Eu não me sinto preso a quem já fui.

Mas, mesmo que difícil de admitir,

Percebo mais leveza em ir e vir

E o mundo é hoje o mestre que me instrui.


Levo comigo só o que consigo

Pois não pretendo lar o meu abrigo,

Visto que parto assim que amanhecer.


Pessoas? Resvalar de convivências...

Não acumulo mais que experiências

Certo de que não sou o que sei ter.


Bonfim - 07 09 2025

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

EM SÃ CONSCIÊNCIA

EM SÃ CONSCIÊNCIA 


Àqueles que me têm por problemático

Ou mesmo de difícil convivência,

Pondero que atravesso esta existência

Imerso n’um silêncio sorumbático.


Embora quase sempre errado e errático,

Busquei senão dos mansos a inocência.

Tive, contudo, em paga da experiência

Antes incompreensão do que algo prático:


— "Celerado!" —  jogaram-me na cara,

Enquanto m'exaltava face à ignara

E obscurantista visão de meus juízes.


Se se levantam contra mim, talvez 

Haja alguma razão na insensatez

E a má-fé n'este chão deitou raízes...!


Betim - 06 10 2024

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

COISAS D'AMOR

COISAS D'AMOR


Se eu escrevesse apenas sobre o amor,

Como tantos costumam escrever,

Mais gente a mim talvez quisesse ler

Sabendo-me alguém douto pela dor.


Alhures, o interesse é bem maior

Quando, escrito co'as cores do prazer,

O poema — ou o que melhor lhes parecer —

Traz aos outros um pouco de calor.


Eu, todavia, escrevo como vejo.

Se poetasse em função do meu desejo,

Tão-só repetiria obviedades.


Escrevo, muito embora desaponte

Àqueles que o amor têm por horizonte,

Imerso em ordinárias realidades.


Campos do Jordão - 02 09 2025