terça-feira, 25 de setembro de 2018

LUAR DAS VALQUÍRIAS

LUAR DAS VALQUÍRIAS

                        I

O que se diz das nornas cavalgantes
A serviço dos deuses e dos homens
É que escolhem guerreiros para a morte
Ao se lhes surpreender com beijos gélidos.
Montam os corcéis brancos das neblinas
Que descem sobre os campos de batalha.
Enquanto isso, enluarada, a noite cai
Àqueles que s'entregam para a guerra
No espetáculo sangrento dos infantes.
Atravessam planícies que, nevadas,

Tingem-se aqui e ali de sangue nobre,
Vertendo dos caídos destripados.

Exangues, contemplavam as estrelas
À espera do Valhala e suas glórias.

           *          *          *

                       II

Elas são as mulheres escudeiras
Que cumprem os desígnios do Destino
Elevando os espíritos dos bravos.
Alvíssimas, têm elas olhos grises
Frios como os glaciares das montanhas.
Passando por portais de gelo e fogo,
Vêm à mansão dos mortos escolhidos
A reforçar as hostes do alto Odin
Em sua guerra contra os mundos últimos
Que antecede a Nova Era d'Universo.
Possam com o seu sangue sobre a neve
D’oravante heróis indo destemidos,
Visto terem no olhar a vida e a morte.

Nunca hesitem em face de ninguém
Tampouco deixem sonhos por sonhar.

           *          *          *

                       III

Têm como prêmio após tantas jornadas
Os cuidados e os carinhos das donzelas
Que, pensando as feridas com unguentos
E servindo canecas de hidromel,
Curam um após outro dos desastres
Ao lhes fortalecer o amplo espírito
Já testado e medido pela guerra.
As Valquírias, senhoras de dois mundos,
Vêm conduzir os grandes à grandeza.
Amantes da beleza e da coragem,
Acompanham a estrada do guerreiro
Enquanto avança sobre os inimigos.

Deixa-se enfim ver pelo destemido
Como se antevisão da boa morte.


           *          *          *

                       IV

No olhar d'essa mulher iluminada
Que lhe vem ter no meio d'um entrevero,
Reconhece o chamado do mais Alto
E s'entrega ao beijo frio da morte.
Oh bem-aventurado o que recebe
A morte como amante e rega a terra
Co'o sangue de incontáveis inimigos!
Sacerdote, ele eleva-se oferenda
N'uma carnificina sanguinária.
Sim, por seu braço a morte sega os campos
A entulhar seus celeiros de cadáveres!

E as Valquírias com seus corvos retintos
Vêm se refestelar sob alva lua.

Belo Horizonte - 25 09 2018

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