DUAS E DOIS (poliamoroso)
A que horas os amores vão além?
Não veem em meio à tanta solitude
Só desejar em vão que alguém ajude.
Enquanto os esperavam como um trem.
Sem horas nem minutos vão e vêm
Como se dois casais em inquietude:
Certos de que a verdade os desnude,
Um encontro marcado agora têm.
É hora de trocarem-se carícias
Transportados aos campos de delícias
D'onde se lhes emana leite e mel.
No afã de se amarem sendo amados
Permitam-se encontrar, enamorados,
N'outros braços o gozo mais fiel...
Belo Horizonte - 31 08 2019
Espaço para exibição e armazenamento de poemas à medida que os vou escrevendo. Espero contar com o comentário de leitores atentos e gente com sensibilidade poética por acreditar que o poema acabado não precisa ser o fim de uma experiência, sim o início de um diálogo.
sábado, 31 de agosto de 2019
DESESCRITA
DESESCRITA
Pior que desdizer, desescrever
Me tem sido um anseio tão urgente
Que, tão-logo pontuo reticente,
Questiono se de facto deve ser.
Um mal menor nos falhos há-de haver
Quando estes se dão conta de repente
Dos absurdos que têm à sua frente
Antes que algum incauto logre ler.
Mas se não me assevero do malfeito
Despisto a explicá-lo d'algum jeito
Mesmo que expresse inútil do que quis.
Passo por distraído ou descuidado,
Enquanto um outro verso mal traçado
Vem a lume n'um átimo infeliz...
Contagem - 30 08 2019
Pior que desdizer, desescrever
Me tem sido um anseio tão urgente
Que, tão-logo pontuo reticente,
Questiono se de facto deve ser.
Um mal menor nos falhos há-de haver
Quando estes se dão conta de repente
Dos absurdos que têm à sua frente
Antes que algum incauto logre ler.
Mas se não me assevero do malfeito
Despisto a explicá-lo d'algum jeito
Mesmo que expresse inútil do que quis.
Passo por distraído ou descuidado,
Enquanto um outro verso mal traçado
Vem a lume n'um átimo infeliz...
Contagem - 30 08 2019
sexta-feira, 30 de agosto de 2019
JUNCAL
JUNCAL
Lá pelos baixios onde se forma o rio
No meio das raízes a água mina
E verte por sob a ponte, cristalina,
Em lagrimal ligeiro ao serro frio.
Estendem-se em verdura e desvario
Os juncos alagados na retina
A ignorar a que bem que se destina
Tanta beleza em sítio tão sombrio...
Miro, remiro e admiro: Luz brejeira!
E, longe, o sol se põe de tal maneira,
Que mal se pode crer senão em Deus.
Cada junco se inclina em reverência
Enquanto o vento leva sem violência
Um ângelus de paz dos lábios meus.
Betim - 29 08 2019
Lá pelos baixios onde se forma o rio
No meio das raízes a água mina
E verte por sob a ponte, cristalina,
Em lagrimal ligeiro ao serro frio.
Estendem-se em verdura e desvario
Os juncos alagados na retina
A ignorar a que bem que se destina
Tanta beleza em sítio tão sombrio...
Miro, remiro e admiro: Luz brejeira!
E, longe, o sol se põe de tal maneira,
Que mal se pode crer senão em Deus.
Cada junco se inclina em reverência
Enquanto o vento leva sem violência
Um ângelus de paz dos lábios meus.
Betim - 29 08 2019
domingo, 25 de agosto de 2019
VÍCIOS DE LINGUAGEM
VÍCIOS DE LINGUAGEM
Tomo inúmeras doses de poesia
Ao exigir do falar que se partilha
Não menos que beleza e maravilha
Em tudo que admirado descobria.
Prefiro equivocar-me de alegria
Que rever a mesmice que estribilha
Remota e inacessível que nem ilha,
Onde a estrofe perfeita embora fria...
Eu, que de vãs metáforas m'embriago,
Tenho buscado em rimas miseráveis
Superpostas em dúbio palimpsesto.
Através d'estes versos onde vago
Apesar de seus vícios insanáveis
Os vocábulos brilhem pelo texto!
Belo Horizonte - 21 08 2019
Tomo inúmeras doses de poesia
Ao exigir do falar que se partilha
Não menos que beleza e maravilha
Em tudo que admirado descobria.
Prefiro equivocar-me de alegria
Que rever a mesmice que estribilha
Remota e inacessível que nem ilha,
Onde a estrofe perfeita embora fria...
Eu, que de vãs metáforas m'embriago,
Tenho buscado em rimas miseráveis
Superpostas em dúbio palimpsesto.
Através d'estes versos onde vago
Apesar de seus vícios insanáveis
Os vocábulos brilhem pelo texto!
Belo Horizonte - 21 08 2019
quarta-feira, 21 de agosto de 2019
POUR L'ENNUI
POUR L'ENNUI
Quem por acaso vir estes meus versos
Não cuide já qu'eu seja grande ou médio,
Em busca de meus eus vários dispersos
Ou a ponto de querer morrer de tédio...
Não leia como a bula d'um remédio,
Que se preste a desejos controversos
E nem me desconstrua feito prédio
Onde habitem os sonhos mais perversos.
Leia como parece: Como um poema.
Se não lhe parecer, não tem problema...
Talvez não seja ainda o seu momento.
Mas se for, por favor, sempre me leia
Sensível ao que mais se lhe permeia,
Deixando ao fim algum contentamento.
Belo Horizonte - 20 08 2019
Quem por acaso vir estes meus versos
Não cuide já qu'eu seja grande ou médio,
Em busca de meus eus vários dispersos
Ou a ponto de querer morrer de tédio...
Não leia como a bula d'um remédio,
Que se preste a desejos controversos
E nem me desconstrua feito prédio
Onde habitem os sonhos mais perversos.
Leia como parece: Como um poema.
Se não lhe parecer, não tem problema...
Talvez não seja ainda o seu momento.
Mas se for, por favor, sempre me leia
Sensível ao que mais se lhe permeia,
Deixando ao fim algum contentamento.
Belo Horizonte - 20 08 2019
segunda-feira, 19 de agosto de 2019
VIOLETA
VIOLETA
Ela, efêmera flor em minhas mãos,
Não se me despetale pelos dedos.
Tampouco se resseque em tantos medos
A custo de curar-me sonhos vãos.
Venha-me delicada com seus grãos
Fazer por contumaz meus olhos ledos,
Enquanto murmurantes arvoredos
Se lh'espalhem floradas n’estes chãos.
Minha rude carícia não moleste
Sua corola hirsuta d’onde vem
Um aroma de cio ora inconteste…
Que se deixe orvalhar em mim também
Esta que de prazeres se reveste,
Seja flor ou mulher que se quer bem.
Campos do Jordão — 30 07 2019
Ela, efêmera flor em minhas mãos,
Não se me despetale pelos dedos.
Tampouco se resseque em tantos medos
A custo de curar-me sonhos vãos.
Venha-me delicada com seus grãos
Fazer por contumaz meus olhos ledos,
Enquanto murmurantes arvoredos
Se lh'espalhem floradas n’estes chãos.
Minha rude carícia não moleste
Sua corola hirsuta d’onde vem
Um aroma de cio ora inconteste…
Que se deixe orvalhar em mim também
Esta que de prazeres se reveste,
Seja flor ou mulher que se quer bem.
Campos do Jordão — 30 07 2019
FALSAS MURTAS
FALSAS MURTAS
Trágica topiaria em labirinto
Retificada à foice mais podão.
Natura humanizada pela mão
Ajardinando um pântano indistinto.
À força se conquista quanto o instinto
Quis de olorosas flores pelo chão,
A despeito d'haver novo senão
Em cada pomo vão que jaz destinto…
Mas, se em lugar do bom se quer o belo,
Bem haja esta florada insuspeitada
De encobrir mais misérias do desvelo,
Conte-se entre os malditos este esteta
Que cultiva por nada e para nada
Falsas murtas em su'alma desinquieta!
Campos do Jordão - 21 07 2019
Trágica topiaria em labirinto
Retificada à foice mais podão.
Natura humanizada pela mão
Ajardinando um pântano indistinto.
À força se conquista quanto o instinto
Quis de olorosas flores pelo chão,
A despeito d'haver novo senão
Em cada pomo vão que jaz destinto…
Mas, se em lugar do bom se quer o belo,
Bem haja esta florada insuspeitada
De encobrir mais misérias do desvelo,
Conte-se entre os malditos este esteta
Que cultiva por nada e para nada
Falsas murtas em su'alma desinquieta!
Campos do Jordão - 21 07 2019
EM IGNOMÍNIA
EM IGNOMÍNIA
Ambicioso, trocaste pé por mão
N'um misto de ansiedade e estupidez:
Ferrar com tudo e todos outra vez
Ou n'uma só palavra, confusão.
Seguiste as armadilhas da ilusão
Em busca dos aplausos por talvez
Prevaleceres sobre uns dois ou três
Com fumaças de que és um campeão.
Pousas aqui enfim desmascarado
De mais um voo alçado d'asas curtas
A perder bom futuro em mau passado.
E enquanto aos juízos tu te furtas,
Apenas com vergonha me és lembrado,
Partindo para as sombras entre murtas...
Campos do Jordão - 21 07 2019
Ambicioso, trocaste pé por mão
N'um misto de ansiedade e estupidez:
Ferrar com tudo e todos outra vez
Ou n'uma só palavra, confusão.
Seguiste as armadilhas da ilusão
Em busca dos aplausos por talvez
Prevaleceres sobre uns dois ou três
Com fumaças de que és um campeão.
Pousas aqui enfim desmascarado
De mais um voo alçado d'asas curtas
A perder bom futuro em mau passado.
E enquanto aos juízos tu te furtas,
Apenas com vergonha me és lembrado,
Partindo para as sombras entre murtas...
Campos do Jordão - 21 07 2019
sexta-feira, 9 de agosto de 2019
METANOIA
METANOIA
Quando eu me converti à realidade,
Deixando de ver Deus a cada esquina,
O sol mais reluziu sobre a retina
Até diferir crença de verdade.
Súbito se mostrou a obscuridade
De quanto iluminei com luz divina...
E ainda que espreitando na surdina,
Eu pude cogitar com liberdade:
Humano, às voltas com o anseio augusto
D'existir mesmo após sua existência,
Deseja esta vida e outra, não sem susto...
Mais s’engana com Céus, por excelência,
Quem no afã de mantê-la a todo o custo
Vive ao instinto de insã sobrevivência!...
Campos do Jordão - 20 07 2019
Quando eu me converti à realidade,
Deixando de ver Deus a cada esquina,
O sol mais reluziu sobre a retina
Até diferir crença de verdade.
Súbito se mostrou a obscuridade
De quanto iluminei com luz divina...
E ainda que espreitando na surdina,
Eu pude cogitar com liberdade:
Humano, às voltas com o anseio augusto
D'existir mesmo após sua existência,
Deseja esta vida e outra, não sem susto...
Mais s’engana com Céus, por excelência,
Quem no afã de mantê-la a todo o custo
Vive ao instinto de insã sobrevivência!...
Campos do Jordão - 20 07 2019
segunda-feira, 5 de agosto de 2019
EM SÃ CONSCIÊNCIA
EM SÃ CONSCIÊNCIA
Digam o que disserem, não se vê
Alguém que cogitasse impunemente!
Pensamentar é mais que tão-somente
Desentediar àquele que me lê...
Tudo o que expresso tem o seu porquê
Para além das disputas do presente.
Escrevo qual estivesse frente a frente
A defender meu texto "de á a zê":
Eu pensamento. Ele pensamenta.
O pensamento mais me representa
Quando livre das peias de impolutos.
Penso e deixo pensar em sã consciência
Com mais e mais rigor e independência
Face aos homens que sonham absolutos.
Paraty - 23 07 2019
Digam o que disserem, não se vê
Alguém que cogitasse impunemente!
Pensamentar é mais que tão-somente
Desentediar àquele que me lê...
Tudo o que expresso tem o seu porquê
Para além das disputas do presente.
Escrevo qual estivesse frente a frente
A defender meu texto "de á a zê":
Eu pensamento. Ele pensamenta.
O pensamento mais me representa
Quando livre das peias de impolutos.
Penso e deixo pensar em sã consciência
Com mais e mais rigor e independência
Face aos homens que sonham absolutos.
Paraty - 23 07 2019
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