sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

CEGUEIRA NOTURNA

CEGUEIRA NOTURNA


Por lentes que desfocam todo o fundo,

Olho e não vejo, à noite, pelos cantos

Mais que sombras e vultos onde espantos

À luz d'algum archote moribundo...


Surpreendo-me ao topar no breu profundo

Com estrepes ocultos nos recantos

E, aos trancos e barrancos, desencantos

Se sucedem a cada vão segundo!


'Té quando do mercúrio a luz feérica

Tenho ofuscada a vista periférica

Feito quem cambaleia nas bodegas.


Sigo sem ver aonde eu estou indo,

Como se algum desastre perseguindo

Pelas ruas escuras, quase às cegas...


Betim - 22 02 2021

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