CEGUEIRA NOTURNA
Por lentes que desfocam todo o fundo,
Olho e não vejo, à noite, pelos cantos
Mais que sombras e vultos onde espantos
À luz d'algum archote moribundo...
Surpreendo-me ao topar no breu profundo
Com estrepes ocultos nos recantos
E, aos trancos e barrancos, desencantos
Se sucedem a cada vão segundo!
'Té quando do mercúrio a luz feérica
Tenho ofuscada a vista periférica
Feito quem cambaleia nas bodegas.
Sigo sem ver aonde eu estou indo,
Como se algum desastre perseguindo
Pelas ruas escuras, quase às cegas...
Betim - 22 02 2021
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