DESESTRESSE
No claustro avarandado do mosteiro,
Onde um jardim fechado sob sol pleno,
Da imensidão do mundo me apequeno,
Havendo-me, em verdade, verdadeiro.
Verdes folhas reluzem no canteiro
Como se n'algum plano ultraterreno...
E os repuxos no tanque mais sereno
Me desnudam o olhar de forasteiro.
Deixei no porticado meus anseios
E sentei, pés descalços, junto à borda
Entregue à profusão de devaneios:
Livre do que s'esquece ou se recorda,
Sentindo os males meus como se alheios,
A brisa a sussurrar me desacorda.
Betim - 15 04 2021