ENTRETENIMENTO
Gasto a vida a ocupar-me em distrações
Como se, ao dar leveza ao quotidiano,
Lograsse anestesiar-me, salvo engano,
No afã de ver verdade nas ficções.
Se de letras advogo as opiniões,
Não ignoro de imagens quão mundano
O apelo a consumir-nos, não sem dano,
Em meio a fantasias e ilusões.
Passo as noites sem sair de minha casa,
Ainda que minh’alma tenha em brasa,
N'um desejo maior de humanidades.
Porque apenas descansar para o trabalho
Não me faz da existência quanto valho,
Sim, tão só, me alienar necessidades.
Betim - 20 01 2023