ESPELHO QUEBRADO
O rosto todo em cacos na parede
Dá-se-lhe algum reflexo pós-cubista
Como ser fragmentado à própria vista,
Mas que autopiedade a si concede.
Tão vã melancolia ali se mede,
Ao ver-se, ensimesmado, quase artista:
Para além da violência, ele conquista
Antes consolação que fome ou sede…
A mão ‘inda lhe dói, ensanguentada;
Ao passo que sua alma transtornada
Pensa reconhecer-se n'esse estrago.
De facto, era o retrato da ruína,
Que diante de seus olhos se ilumina
N'um instantâneo lúcido e aziago.
Contagem - 11 06 2024
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