quinta-feira, 13 de junho de 2024

ESPELHO QUEBRADO

ESPELHO QUEBRADO


O rosto todo em cacos na parede

Dá-se-lhe algum reflexo pós-cubista

Como ser fragmentado à própria vista,

Mas que autopiedade a si concede.


Tão vã melancolia ali se mede,

Ao ver-se, ensimesmado, quase artista:

Para além da violência, ele conquista

Antes consolação que fome ou sede…


A mão ‘inda lhe dói, ensanguentada;

Ao passo que sua alma transtornada

Pensa reconhecer-se n'esse estrago.


De facto, era o retrato da ruína,

Que diante de seus olhos se ilumina 

N'um instantâneo lúcido e aziago.


Contagem - 11 06 2024








Nenhum comentário:

Postar um comentário