quarta-feira, 17 de julho de 2024

CACHE-MISÈRE

 CACHE-MISÈRE


Pareço digno sob o sobretudo;

Agasalhado contra o vento frio.

Caminhava, antes sóbrio que sombrio.

Circunspecto, talvez…! Algo sisudo.


Ostentava, porém, um riso mudo

De quem se ri por dentro, folgadio.

Visto um bolso furado e outro vazio!

Co’a roupa a esfarrapar, peito desnudo…


Faminto, vinha como se eu comesse

Do bom e do melhor após à prece,

Jamais sob o pesar de mil enganos.


Eu olho sobranceiro para frente.

Fingindo ser a tudo indiferente,

Tapo minha miséria atrás dos panos.


Betim - 11 07 2024




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