CACHE-MISÈRE
Pareço digno sob o sobretudo;
Agasalhado contra o vento frio.
Caminhava, antes sóbrio que sombrio.
Circunspecto, talvez…! Algo sisudo.
Ostentava, porém, um riso mudo
De quem se ri por dentro, folgadio.
Visto um bolso furado e outro vazio!
Co’a roupa a esfarrapar, peito desnudo…
Faminto, vinha como se eu comesse
Do bom e do melhor após à prece,
Jamais sob o pesar de mil enganos.
Eu olho sobranceiro para frente.
Fingindo ser a tudo indiferente,
Tapo minha miséria atrás dos panos.
Betim - 11 07 2024
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