ADICTO
Tanto há males que vêm lá para o bem,
Quanto bens há que vêm cá para o mal…
Mas, entre bens e males, no final,
É ver quanto convém ou não convém.
Este vício que tenho me sustém
E alivia um vazio emocional.
O bem que me permito é tal-e-qual
O mal que me aliena d’algo além.
Ter é perder — me disse alguém mais sábio —
Mas não ter é sonhar no alheio lábio
O gozo que o desejo faz querer.
E, de lá para cá, o sofrimento
É o monstro que amiúde alimento
Por algo que me dê algum prazer.
Belo Horizonte - 04 03 2000