quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

ADICTO

ADICTO


Tanto há males que vêm lá para o bem,

Quanto bens há que vêm cá para o mal…

Mas, entre bens e males, no final,

É ver quanto convém ou não convém.


Este vício que tenho me sustém

E alivia um vazio emocional.

O bem que me permito é tal-e-qual

O mal que me aliena d’algo além.


Ter é perder — me disse alguém mais sábio —

Mas não ter é sonhar no alheio lábio

O gozo que o desejo faz querer.


E, de lá para cá, o sofrimento

É o monstro que amiúde alimento

Por algo que me dê algum prazer.


Belo Horizonte - 04 03 2000