terça-feira, 31 de dezembro de 2024

VAREJEIRAS

VAREJEIRAS


Como aquele que tem-de espantar moscas

Dos sonhos na vitrina do padeiro,

Eu vasculho meu sono o tempo inteiro

Contra rostos sombrios e auras foscas.


Era depois do jogo de biroscas

Pelas tardes da infância, no terreiro,

Quando em desencanto costumeiro

Eu via varejeiras sobre roscas…


Sim, elas vêm e vão… Sujam a fundo!

Assisto, entre impotente e resignado,

O sonho desejado agora imundo. 


Do mesmo modo o sono deleitado

Perde-se na vigília que aprofundo

Às voltas co’os senões de todo o Fado.


Betim - 15 11 2024


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