sexta-feira, 8 de agosto de 2025

DEVOLUTAS

 DEVOLUTAS


As terras do sertão são de ninguém.

Devolvidas a quem jamais foi dono,

S’estendem sem cultivo; no abandono,

À espera d’um progresso que não vem.


Povoadas pelos sós que nada têm,

D’ali, tanto o patrão quanto o colono

Partiram com as bênçãos do patrono,

Cuja capela a ruir mal se sustém.


As penhas espalhadas no planalto

Parecem reluzir pela amplidão

O sol que nos fustiga a solidão.


Ainda assim, eu vou sem sobressalto

A um deserto de gentes parecido:

Sem porteiras nem cercas; desmedido.


Sobrália - 15 06 2025


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