MINERAÇÕES
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MINERAÇÕES
Tudo depende só do veio que escavo:
Olho a cor e a dureza em cada rocha,
Onde à marreta, ponteiro e brocha
Busco extrair da pedra seu pó flavo.
Assim as palavras com que me agravo:
Jazem na escuridão até que a tocha
As faz brilhar na cava que se arrocha
Como ao duro labor do Rei-escravo.
Após vem a lavagem no garimpo,
Cujo paciente afã, um ouro limpo
Pesa, por fim, no prato da balança.
Seja, pois, o verso tão rútilo quanto!
E haja na sua glória todo o encanto
Da verdade e beleza que se alcança.
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MINERAÇÕES
Tudo depende só do veio que escavo:
Olho a cor e a dureza em cada rocha,
Onde à marreta, ponteiro e brocha
Busco extrair da pedra seu pó flavo.
Assim as palavras com que me agravo:
Jazem na escuridão até que a tocha
As faz brilhar na cava que se arrocha
Como ao duro labor do Rei-escravo.
Após vem a lavagem no garimpo,
Cujo paciente afã, um ouro limpo
Pesa, por fim, no prato da balança.
Seja, pois, o verso tão rútilo quanto!
E haja na sua glória todo o encanto
Da verdade e beleza que se alcança.
Betim - 24 11 2014
Minerações são afazeres que se semelham ao do poeta, i.e., da matéria bruta e estreita da vida tentamos fazer brilhar a palavra, a narrativa, a sonoridade e, por fim, a própria linguagem. Escrever poesia é, também, esse esforço para que reparem o quanto o idioma é bonito e o quanto a cultura é valiosa. Isso posto, a alegria de garimpar palavras é só comparável à do bamburro de um Chico Rei: escravo que fez do ouro liberdade.
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