PAPEL DE SEDA
Por transparência furto do retrato
Esse rosto que me olha e me sorri.
A pena toma as linhas para si;
Revela tal e qual o seu recato.
Talvez não percebesse de imediato
O enlevo que ao papel me permiti
No desenho d'alguém que nunca vi,
E mesmo inacabado eu arremato.
É suave o desenhar na folha lisa
Ao contínuo escorrega do nanquim
Que sobre o branco-nada se desliza.
Cada traço da estranha diz de mim:
Tomando-lhe d'olhar a luz precisa,
Eu fico enternecido ou coisa assim...
Belo Horizonte - 25 11 2017
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