ESPÓLIO LITERÁRIO
Deixo para depois da minha morte
A ilusão de influenciar quem quer que seja.
Resulte n'algum bem tanta peleja,
Onde o desesperado se conforte.
Afinal hão-de seguir-me o esconso norte,
Certos de que a verdade ali esteja.
E, embora eu não mereça tal inveja,
Muitos se alegrarão de tão má sorte!
Meus males serão bens de qualidade
Àqueles que buscarem, por absortos,
Aspectos de qualquer dourada idade.
Sem ter-de endireitar caminhos tortos,
Outro exemplo da estranha realidade
Da poesia viver de poetas mortos.
Betim - 22 12 2017
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