GARAPA
Passa a cana na moenda, colhe o caldo
E espreme dois limões mais o bagaço.
Tem-de fazer do jeito como eu faço
Senão arrisca ao fim ser tudo baldo.
Nas contas lá do céu tem de ter saldo
P'ra Deus abençoar nosso cansaço.
Bebendo, estalo os beiços: -- "Geladaço!..."
E eu um copo após outro já m'esbaldo.
Fazendo assim-assado há-de dar certo.
Qualquer outro refresco nem de perto
Me mata a fome e a sede n'um só gole.
Fica a palavra dada e o arranjo feito:
Garapa preparada d'este jeito
Deixa o sujeito até de miolo mole...
Belo Horizonte - 29 11 2017
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