TRAJECTÓRIA
Há pessoas que encontram a poesia ao longo de suas vidas. Umas entendem que ela faz perceber através das palavras o inusitado nas pessoas e nas coisas. Outras, por outro lado, escrevem para si mesmas n'um movimento cada vez mais profundo dentro de si mesmos. Creio que me identifico com o segundo tipo... Escrevo desde a adolescência e sigo escrevendo, embora já um homem de meia idade. Nunca o fiz por desejar notoriedade ou deixar por meio das letras algum legado. Na verdade, não me importo muito com a indústria literária ou de entretenimento: Jamais pretendi viver da escrita, ao contrário, sempre reservei o direito de, ao menos nos versos d'um poema, ser totalmente livre do mundo e suas responsabilidades. Escrevo poesia, talvez, porque quase ninguém paga para ler. Quem leu, leu porque quis e gostou porque achou bom. Nunca me motivou o comercial nem o acadêmico da Literatura. Logos, não escrevo para vender livros ou ou gerar teses de mestrado.
Trajectória, dizem alguns, é o caminho descrito por algo em movimento. Sou um poeta em curso que bem recentemente começou a expor seus escritos para a incompreensão alheia. Sim, para não quer vender seus alfarrábios as páginas virtuais facilitaram muito as coisas. Comecei a publicar poemas na web apenas em 2015, embora já escrevesse há 24 anos...! Ocupei alguns espaços; afastei-me d'outros, mas jamais me deixar pelo compadrismo literário de aplaudir para ser aplaudido.
Em tempo: Divido com minha precária ocupação de poeta a pretensão de ser fotógrafo e a responsabilidade de ser arquiteto. Pago minhas contas com projetos enquanto devaneio com letras. Os instantâneos? Penso ser outra crise de meia idade! Penso ser feliz com tudo o que faço, bem ou mal, mas devo confessar que preocupo os mais próximos com essa mania de escrever sempre que posso. Hipérgrafo, dizem de mim os entendidos... Mas, oportuna ou inoportunamente, viver entre as letras tem me ajudado a ser com mais profundidade tudo o que sou.
Escrevo, mais amiúde, versos de forma fixa, isto é, com estrutura estrófica, metro, ritmo e rima. Escrevo versos livres também, por via de regra, quando aflitos demais para caber em esquemas. Vez em quando, prosaico, arrisco um conto ou uma crônica. Escrevi um romance: PASSIONAL - Notas d'um bilhete suicida, mas não tive dinheiro para imprimir e publicar. Não muito raro, pago uns tostões para ser lido em antologias, mas com tanta discrição que eu mesmo me esqueço que contribuí para elas. Gosto quando alguém senta para conversar comigo sobre poesia, mas ainda é algo muito raro. Às vezes encontro uma turma legal para teclar e trocar impressões, ainda que a maioria dos literatos deseje sobretudo ser declarado gênio antes dos vinte anos...
Eu não. Até porque tenho mais de quarenta!
Betim - 11 03 2031
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