O ELEGANTE
Se nem um sobretudo já me esconde
A miséria que trago desde o início
Minha pobreza é tal que cheira a vício
O mesmo que perfila o servo e o conde.
Meus dinheiros em zeros se arredonde
Enquanto busco ao lixo o desperdício.
Se folgam, miro os fogos de artifício
E ando sem saber nem quando nem onde.
Cato as latas que deixam nas sarjetas,
Embora escreva versos como os poetas
À espera já da próxima bebida.
Assim é que suporto esses meus dias
Feitos só de misérias e alegrias
N'uma decadência bem vestida.
Belo Horizonte - 26 06 2010
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