O CÍNICO
Pela felicidade não se regre
Aquele que d'amor soube o desgosto.
Depois, em bons momentos recomposto,
No instante d'um prazer talvez se alegre.
Se não era feliz, estava alegre:
Tinha agora um sorriso no seu rosto
Mesmo tendo receios, beija com gosto,
A medo que a ilusão se desintegre.
Porque, entre estar alegre e ser feliz,
Ostenta um tipo sério, quase triste,
E ri a gargalhar de quanto existe.
Percebe que sorrir pouco condiz
Com alegria e até felicidade
Quando o amor é um sonho, não verdade.
Belo Horizonte - 05 05 2000
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