ARDENTE
Sinto ao beijar-te os lábios tão perfeitos
Que a mim se tornaram quase um vício.
Não que ignore d'Amor a arte e o artifício
A ponto de jamais te ver defeitos.
Na dúvida do quanto ainda afeitos,
Seja o desejo a nós melhor indício!
Se, após, não deixar mínimo resquício,
Partamos sem rancores ou despeitos.
Tu, bela, o prazer tens como promessa,
Mas não mais que esse gozo prometido
Temos para nos dar se o amor perdido.
Agrademo-nos, pois, a toda pressa!
Antes que passe o ardor dos desvarios
E aos lábios só te deixe os olhos frios...
Belo Horizonte – 29 05 2005
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