domingo, 20 de maio de 2018

ARDENTE

ARDENTE

Sinto ao beijar-te os lábios tão perfeitos

Que a mim se tornaram quase um vício.

Não que ignore d'Amor a arte ou o artifício
A ponto de jamais te ver defeitos.

Na dúvida do quanto ainda afeitos,
Seja o desejo em nós melhor indício!
Se depois não houver nenhum resquício,
Partamos sem rancores ou despeitos.

Tu, bela, o prazer tens como promessa,
Mas não mais que esse gozo prometido
Temos para nos dar se o amor perdido.

Agrademo-nos, pois, a toda pressa!
Antes que passe o ardor dos desvarios
E em teus lábios eu deixe uns olhos frios...

Belo Horizonte – 29 05 2005

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