quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

O HIPÉRGRAFO

O HIPÉRGRAFO

Sim, prolixo talvez fosse impreciso.
Era antes como alguém cuja mania
Lhe impunha pôr em versos quanto via,
Pois no afã de poetar de sobreaviso.

De facto, era bem falho do juízo
Em arvorar-se um príncipe à poesia...
Ele mais escrevia que vivia
A remirar-se à folha vão Narciso.

Sem cuidar se era lido ou compreendido,
Enche as folhas de mal traçadas linhas
Apenas pelo gosto e para o Olvido.

Assim, passando as horas mais sozinhas,
Demonstrava em sua obra sem sentido
O quanto a arte e a loucura são vizinhas.

Betim - 07 02 2019

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