quarta-feira, 2 de setembro de 2020

PAPEL DE CARTA

PAPEL DE CARTA

Na folha perfumada, a sua escrita
Tornara-se poesia simplesmente
Pelo esmero co'a letra que, inocente,
De vermelho entendia mais bonita.

Um menino que poeta se acredita
— E todo mundo sabe diferente... —
Escreve para a bela tendo em mente,
Que a carta findará tanta desdita.

No envelope escarlate, exagerado,
Floreia o nome d'ela tão amado
Com voltas de cursivos rococós.

Mas, tímido demais para assinar,
Sem remetente deixa o seu lugar
Como secretamente amam os sós.

Belo Horizonte - 08 07 1991

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