ISTMO
Entre marés revoltas eu sou rocha
Lúcida e eternamente atormentada.
Elevação deserta em meio ao nada,
Que das ondas em fúria vã debocha.
Faixa de terra estreita que se arrocha,
Ligando uma península avançada
Ao continente como ponte-e-estrada,
Enquanto o extremo sol se põe em tocha.
Os dois mares que avançam contra mim
Erodem com violência minhas costas
No afã de que nova ilha houvesse enfim.
Resisto sem perguntas nem respostas
Aos trabalhos do mar se, ao cabo e ao fim,
À terra alheias linhas são impostas.
Ubatuba - 22 12 1996
Espaço para exibição e armazenamento de poemas à medida que os vou escrevendo. Espero contar com o comentário de leitores atentos e gente com sensibilidade poética por acreditar que o poema acabado não precisa ser o fim de uma experiência, sim o início de um diálogo.
sábado, 31 de outubro de 2020
ISTMO
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário