PERNOITE
Pelo escuro buscava o olhar desperto
Rever vultos d'aquela que, amante,
Tive nos braços ontem palpitante
E agora, mesmo longe, sinto perto!
O quarto, todavia, está deserto.
Ela? N'um outro quarto bem distante...
E eu? Nos olhos mantenho seu semblante,
Deixando-me corpo e alma em desacerto.
À vida solitária e vária abdico,
Como alguém que se faz muito mais rico,
Quando se despe do ouro que lhe pesa.
Na noite o coração buscava àquela,
Como alguém que se faz muito mais bela,
Se, em amor, ver-se livre estando presa.
Santa Bárbara - 24 08 1996
Espaço para exibição e armazenamento de poemas à medida que os vou escrevendo. Espero contar com o comentário de leitores atentos e gente com sensibilidade poética por acreditar que o poema acabado não precisa ser o fim de uma experiência, sim o início de um diálogo.
quinta-feira, 8 de outubro de 2020
PERNOITE
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