EM MANGAS DE CAMISA
Literato, eu a pena pela enxada
Tenho trocado ao ver estes roçados.
E, cavoucando o chão de meus cuidados,
Semeio versos sobre a terra arada.
Onde antes serenou a madrugada,
Logo atravesso os eitos enlameados,
Enquanto passarinhos, com trinados,
Vêm para me saudar essa alvorada.
Mas volto da lavoura à escrivaninha
Para assobiar, brejeiro, outra modinha
Com a leveza mesma d'uma brisa.
É entre lá e cá que sou feliz:
No afã de me encontrar, como se diz,
Eu toco a vida em mangas de camisa.
Betim - 24 09 2021