IMERSOS NA PAISAGEM VESPERTINA
Um sorriso do tamanho do mundo…
É assim que me lembro de meu pai,
Cuja existência obscura se m’esvai
Em lampejos d’Olvido mais profundo.
Tinha aquele olhar que não confundo,
Do que atravessa a vida sem um ai.
Enquanto eu bem miúdo, cai-não-cai,
Brincava desgrenhado e sugismundo.
Então, vinha ladear meu braço ao seu.
E, por pardos, dizia — ”A mesma cor…!” —
N’um orgulho de sangue e melanina.
Sim, mestiços pernósticos, ele e eu,
Andamos de mãos dadas o Arpoador
Imersos na paisagem vespertina.
Belo Horizonte - 09 10 2022
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