sexta-feira, 28 de outubro de 2022

IMERSOS NA PAISAGEM VESPERTINA

IMERSOS NA PAISAGEM VESPERTINA


Um sorriso do tamanho do mundo…

É assim que me lembro de meu pai,

Cuja existência obscura se m’esvai

Em lampejos d’Olvido mais profundo.


Tinha aquele olhar que não confundo,

Do que atravessa a vida sem um ai.

Enquanto eu bem miúdo, cai-não-cai,

Brincava desgrenhado e sugismundo.


Então, vinha ladear meu braço ao seu.

E, por pardos, dizia — ”A mesma cor…!” —

N’um orgulho de sangue e melanina.


Sim, mestiços pernósticos, ele e eu,

Andamos de mãos dadas o Arpoador

Imersos na paisagem vespertina.


Belo Horizonte - 09 10 2022


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