CARRO DE BOIS
Chia em meio às lembranças dos grotões,
Quando passo por onde ele passava.
Em toada lenta, é quanto carregava
Que fez de mim quem sou n’estes sertões.
Passou o tempo vão das ilusões,
Do qual minh’alma só se fez escrava:
N’uma carreira louca me apressava
Correndo o abecedário das Nações!
Hoje, de volta ao meu torrão natal,
Eu sinto aquele dia tal-e-qual,
Como se nada houvesse aqui mudado.
De facto, a bordo d’um carro de bois,
Até o tempo aqui passa depois,
Sem saber se presente ou se passado.
Sobrália - 22 12 2020
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