HORA PASSADA
A hora que passa em mim fica retida.
Inutilmente, pois, 'inda assim passa.
Como corpo sem alma, inerte massa
Passa vazia uma hora a mais havida.
Soma-se a horas passadas já da vida,
Essa hora minha sem graça ou desgraça.
Ao tédio, ela noigandres se me faça,
Ou ‘inda melhor, bilhete de suicida...
Não obstante, algo então me reconforta,
D’esse Nada retido à hora passada
Na minha só tristeza natimorta.
A certeza em passar é que me agrada.
Tê-la retida em mim pouco lhe importa,
Se sós somos, eu e a Hora, o mesmo nada.
Belo Horizonte – 04 11 1996
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