A TEMPO
Antes que seja tarde, eu quero ser
Aquele que escrevera sobre tudo.
Meus anos em carreira sei, contudo,
Visto à espera do câncer se viver:
Eu sinto a morte à espreita sem saber
Quando me ferirá seu olho agudo...
E é no afã de enganá-la que me iludo,
Tendo os dias e as noites a escrever.
É sabido, porém, que o Esquecimento
Nos devora do existir cada momento
Até que nada reste de quem fomos.
E embora bem escritas estas rimas,
Serão logo apagadas, sem estimas,
P'la traça que corrói todos os tomos!
Betim - 11 02 2020
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