sexta-feira, 21 de março de 2025

MONJOLO

MONJOLO


Grão por grão no batido do pilão,

Enquanto a bica escorre calha afora.

Espigas esfarinham desde a aurora

Para o festim das aves do grotão.


As águas descem fartas no rincão

Sob um gentil dossel de passiflora.

Mas logo o olhar bucólico descora,

Seguindo o vai-e-vem do travessão. 


Tanto o motoperpétuo movimento 

Parece ensimesmar esse momento

Em névoas de voraz melancolia,


Que até sua beleza decadente,

Capaz de enternecer-me de repente,

Não é senão vontade de poesia.


Esmeraldas - 05 03 2025


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