quarta-feira, 26 de março de 2025

PEQUENEZAS

PEQUENEZAS


No poste um joão-de-barro que argamassa 

As paredes da casa onde seu ninho

Faz cobrir, de pouquinho com pouquinho,

Até que a rude abóbada s’espaça.


Nas alturas, vivendo sem vizinho,

Vê o povo indo e vindo pela praça,

Enquanto atarefado a tarde passa

Com seu mínimo lar de passarinho.


Embora parecesse quase nada,

Já era alguma coisa aquilo tudo:

Acompanhei-lhe as obras da morada.


E quando dou por mim, o olhar desnudo

Não me contém a lágrima furtada

À ânsia d’um passarinho tão miúdo.


Betim - 24 03 2025

Nenhum comentário:

Postar um comentário