terça-feira, 6 de maio de 2025

O DESCASADO

 O DESCASADO


Eu volto da cidade para casa

Sem saber, todavia, onde é meu lar.

Da janela do trem, a hora a passar

Arde céus nos meus olhos em brasa.


De novo sem destino e sem lugar,

Não ligo se o comboio mais se atrasa.

Apenas que a memória um tanto rasa

Me deixe inutilmente de lembrar.


Distrai este horizonte em movimento.

Tudo muda, momento após momento, 

Até que nada seja mais como antes.


Percebo-me, afinal, um passageiro.

Na ilusão de ser só-mas-verdadeiro,

Como errados, erráticos e errantes…


Belo Horizonte - 11 12 2010


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