quinta-feira, 3 de julho de 2025

PAMPULHA

PAMPULHA

Ócio criativo: Fotos de postal

E água de coco com pastel de feira.

No mais, contemplação e brincadeira;

E o entardecer nas águas no final.

A turistar n’algum nobre quintal

Ou a revisitar pálios sem bandeira,

Flano pela avenida sempre à beira,

Que lhe contorna o plano magistral.

É bom estar aqui só por estar

E rever tudo o que há para se olhar,

N’um encontro de velhos conhecidos:

Meus olhos e a paisagem, tão-somente.

O sol raia nas águas seu poente,

Feliz de meus sorrisos desmedidos.

Belo Horizonte - 26 06 2025











SECO E FRIO

SECO E FRIO


O beijo ficou seco; os lábios, frios.

Talvez eu já não veja ou seja visto...

Mesmo ainda te amando, ora desisto

Farto de teus humanos desvarios.


Talvez sorrisses sóis; chorasses rios.

E eu, tão equivocado de tudo isto,

Já não mais te quisesse ser benquisto,

Entregue ao desatino dos baldios.


O beijo ficou frio; os lábios, secos.

Pelo vazio em mim escuto os ecos...

Não há porque não ser o mesmo em ti.


P'ra todos os efeitos, assim seja:

Olhando para mim talvez te veja

E estejas tu tão só quanto eu aqui.


Betim - 08 03 2019

COLIBRIS

 COLIBRIS


Soubesse parar no ar; soubesse olhar

E ver quanto m’escapa ao entendimento.

Retirar do momento o movimento

E reter-te à retina até te amar.


Talvez no coração fosse guardar

Senão o pensamento, o sentimento

Ou obter da sensação contentamento,

A tempo d'uma flor desabrochar.


Tal como os colibris pelo jardim,

Não te ofertar senão delicadeza,

Às voltas com efêmero festim.


E, também como eles, ter certeza

Da doçura do beijo em teu carmim:

Nutrir-me tão-somente de beleza.


Betim - 20 06 2025