PARADIGMÁTICO
Eu sou o melhor que posso
Jamais quem devia ser.
Talvez não vá merecer
Senão outro olhar insosso
Face ao que tento escrever.
Todavia, sigo o exemplo
Dado pelos poetas mortos:
Manter-se d'olhos absortos
Nas retidões que contemplo
Em meus caminhos tortos...
Seguir o ritmo incorrupto
D'estas frases bem medidas,
Mais as rimas conhecidas
Pelo fluir ininterrupto
Das poesias admitidas
No Parnaso Lusofônico!...
Sim, pelos poetas d'antanho,
Entre sozinho e estranho,
Eu me fizera anacrônico,
Tendo em seus versos mais ganho.
Ainda que incompreendido
Em face de meus escritos,
Eu penso que mais bonitos
E mais cheios de sentido
Quando miram infinitos
Para acercar-se do humano...
Sem mais razões para haver,
Versos são vãos onde ser!
Já não tenho qualquer plano
Senão escrever a quem ler.
Sejam-me, pois, paradigmas
As formas fixas antigas,
Quer de esquecidas cantigas;
Quer de insondáveis enigmas.
Pois mesmo que com fadigas
E muito incertos aplausos,
Continuo olhando para cima
Tendo aos antigos estima:
Eu sigo a contar meus causos
Com bons metro, ritmo e rima!
Betim - 04 12 2019
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