FENESCÊNCIA
Porque tudo que é belo, lentamente.
Perde brilho, frescor, vivacidade...
A flor perdendo a cor e a claridade
Murchava inelutável à tua frente!
Assim também os olhos de inocente
Que na infância luziam sem maldade
E agora, com total perplexidade,
Fartos de ver esperam tão-somente...
Eu e tu temos amado quanto é belo,
Mas de ipês o mais vívido amarelo
Contemplamos extáticos ano a ano.
Pois mesmo a fenescência d'estas flores,
Alcatifando o chão de belas cores
Nos traz da decadência um áureo engano.
Matozinhos - 22 10 2019
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