RECORTE INÚTIL
A parte que me falta me completa,
Por ter sido, afinal, farto recorte.
O talho que sofri não foi de morte
Mas me levou a parte mais dileta.
De facto o coração se fez asceta;
Incapaz de entregar-se à própria sorte.
E, embora recordar pouco conforte,
Reavê-la permanece sua meta.
A parte que cortei de minha vida
Deixou-me essa dor lúcida, incontida,
Como se a me chamar do fim do mundo.
Visto perdida d'um quebra-cabeça
Restara justamente aquela peça:
Longe, um recorte inútil, vagabundo...
Betim - 22 08 2020
Espaço para exibição e armazenamento de poemas à medida que os vou escrevendo. Espero contar com o comentário de leitores atentos e gente com sensibilidade poética por acreditar que o poema acabado não precisa ser o fim de uma experiência, sim o início de um diálogo.
terça-feira, 25 de agosto de 2020
RECORTE INÚTIL
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