segunda-feira, 17 de agosto de 2020

UIARA

UIARA


No fundo da lagoa ela s'esconde

À espera do guerreiro cuja morte

Faz mais doce entre cânticos, de sorte

Que a siga sem saber sequer aonde.


Àquela voz nas águas mais responde

Com juras desvairadas, pois, o forte

Deseja tão-somente que o conforte

Sua mirada sem quando nem onde...


São olhos claros qu'ele, mergulhando,

Pelas águas escuras vai buscando

Em seu corpo desnudo de mulher.


Enquanto o faz descer mais e mais fundo,

Ela o guia através d'aquele mundo

Que há debaixo d'água a quem a ver.


Belo Horizonte -14 02 1994

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