quinta-feira, 13 de agosto de 2020

SEMIANALFABETO

SEMIANALFABETO


Cuspiu no chão. Chamou-me de macaco

E depois "filho d'uma favelada!"!!!

Disse ainda que nunca vou ser nada…

Que o invejo a vida e vivo n'um barraco!


Olhei nos seus olhos: Algo opaco,

Espelhando, porém, minha mirada.

Onde as letras por fim -- fava contada --

A distinguir o forte do mais fraco.


Pois semianalfabeto, segundo ele,

Eu merecia andar entre os esgotos,

Sem leitura sequer para o servir.


E, apontando-se a cor de sua pele,

Fazia ver por trás dos perdigotos

A extrema diferença do existir.


Betim - 08 08 2020

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