SEMIANALFABETO
Cuspiu no chão. Chamou-me de macaco
E depois "filho d'uma favelada!"!!!
Disse ainda que nunca vou ser nada…
Que o invejo a vida e vivo n'um barraco!
Olhei nos seus olhos: Algo opaco,
Espelhando, porém, minha mirada.
Onde as letras por fim -- fava contada --
A distinguir o forte do mais fraco.
Pois semianalfabeto, segundo ele,
Eu merecia andar entre os esgotos,
Sem leitura sequer para o servir.
E, apontando-se a cor de sua pele,
Fazia ver por trás dos perdigotos
A extrema diferença do existir.
Betim - 08 08 2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário