domingo, 23 de agosto de 2020

NONAGENÁRIO 

NONAGENÁRIO 


Espero morrer quando já for tarde

E a angústia de viver ter me deixado.

Sem futuro, presente nem passado,

Existir sem fazer qualquer alarde. 


Dos moços e da fúria que lhes arde

Sorrir condescendente e aparvalhado,

Como apenas um velho desbocado,

De quem ninguém enfim mais nada aguarde.


Feliz tão-só em ver a luz do dia

Encontre entre a loucura e a fantasia

Um verso que sequer possa escrever.


E diante do espetáculo da vida

Entenda a vanidade já vivida 

N'uma autoaceitação só de prazer.


Betim - 23 08 2020.




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