terça-feira, 20 de dezembro de 2022

MOTIVO

MOTIVO


— “Vai, poesia, mais fundo aonde dói, 

Eis-te um motivo: Toda essa tristeza... 

O mundo sobre os ombros que me pesa, 

Nas sombras d’este olhar de anti-herói”.

 

“Sim, destila o veneno que corrói

Meu coração partido e sem grandeza:

Em decadentes versos, a beleza  

De ruínas que o tempo em vão destrói”.


“Atravessa-me n’alma imensidões, 

E encontra alguma luz nas solidões,

Antes que tanta angústia me consuma”.


“Como a vida que em nadas se reparte

Possas, poesia  — inútil-mas-bela-arte —

Também existir sem razão nenhuma”.

 

Belo Horizonte - 12 03 1995 


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