quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

CARNE DE CANHÃO

CARNE DE CANHÃO

“Avançar tropa até linha de fogo”.
Era a lacônica ordem-telegrama,
Cuja fria consciência abria o drama
De meros peões movidos para o jogo.

Assim, um a um os homens caem tão-logo
Marcham por esse chão de sangue e lama.
Aqui e ali, alguém aos céus exclama
Mas mesmo os céus se calam a tal rogo...

Depois só o silêncio, que absoluto
Estendia por todo o campo o luto
Face às vidas tragadas por obuses.

Por fim, plotar n'um mapa novas baixas
E escrever os seus nomes pelas caixas
Que lhes recebe os corpos mais as luzes.

Belo Horizonte – 18 12 1999                         

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