segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

MANÍACO

MANÍACO

Caminha pelas sombras, predador,
Belo e mau como um lívido Satã.
À caça de mulheres cujo amor
Revelará mortal pela manhã…

Com efeito, as mais ávidas em flor
Quedam hipnotizadas n'esse elã
Que envolve todo grão conquistador
Às voltas com orgia assim pagã.

Finge ser dos amantes o melhor.
Porém, tão-logo as deita no divã,
Parece confundir prazer e horror
Pronto a lhes devorar a carne chã.

Sua ânsia de prazer só não é maior
Que o apetite por sangue cujo afã
O leva a conduzir ao seu sabor
Às moças que seduz com lábia vã.

Deveras, a ocasião se faz melhor
A sós na alcova… Pois, moral malsã
Dá razão ao misógino valor
Que ainda faz da vítima a vilã…

Matava indiferente do estupor,
Fosse ela donzela ou cortesã…
Em plena foda, ao gozo, em pleno ardor;
Deixando-a inerte já sem amanhã.

Traz consigo, em memória do terror,
À guisa de troféu ou talismã,
D'elas alguma joia em seu favor,
Quer fosse um camafeu ou cruz cristã.

E some… Sem deixar senão pavor.
Após tomar a morte como irmã,
Um maníaco em série matador
Se mostra a insanidade mais insã.

Betim - 08 12 2018

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