ESVAZIADO
Escrever, escrever, escrever... Sim,
Tenho pena: -- “Ai de mim!”
Essa expressão contínua de consciência
Finda finda a existência?
Ou permanece viva por quem, vivo,
A lê sem mais motivo?
Poeta, a cada insone madrugada,
Preparo-me para o nada.
Não procuro senão palavras certas
Entre as horas desertas.
Mas olho para além de minha morte
Sem que isso me importe.
Pois, sensato, desdenho a eternidade
Ou ambicionar verdade.
Apenas escrevo, sem outra meta:
Como os grãos da ampulheta,
Ver versos escorrendo para o Olvido,
E, enfim, ser esquecido.
Betim — 23 01 2020
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