quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

CARRARA

CARRARA

Para arrancar da rocha a forma nua
Que clamava, insabida, sob os veios,
É preciso valer-se de hábeis meios
Onde apenas promessa se insinua.

Após finalizada, à luz da lua
Se me revele viva sem receios
Essa matéria fria em cujos seios,
Perdida, minha mão quase flutua…

Surgidos de cinzel, martelo e lixa
Seus traços juvenis se perpetuem
No que d’entre rocha e aço fora rixa.

Devotos, olhos fitos a cultuem
Feita deusa de porte majestoso
Aquela em que recordo doce gozo.

Betim — 22 01 2020

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