sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

DE CARA LAVADA

DE CARA LAVADA

Depois de tantos anos, desenganos
E tantas coisas fora do lugar,
Tu mais uma vez vieste m'encontrar
Para trazer senão perdas e danos.

Talvez eu tenha sido entre teus planos
Uma terceira opção; um desdenhar.
E ora me vens de novo procurar,
Após indispor gregos e troianos...

-- "A raiva passa" -- dizes -- "o amor, não."
Tu, de cara lavada; olhos nos olhos,
Crês que ainda me tens na tua mão:

-- "Não uso guardar mágoas nem trambolhos." --
Respondo -- "Muito menos a ilusão
De viver satisfeito com restolhos!"

Belo Horizonte - 10 05 1998

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