quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

TRISTES SONS

TRISTES SONS


Uns versos, melancólicos como eu,

Se os confesso ao vazio eu me comovo

Com tal afã, e de novo e de novo,

Que quedo a soluçar feito sandeu...


O abismo ecoa longe o pranto meu,

E o vento torna augúrio quanto trovo

Como se a algaravia d’algum povo,

Que pelas cercanias já viveu.


Tristes e vãos — mas, veros e sinceros.

De trovador de tão triste figura,

Que por plateia tem a noite escura.


Talvez nem versos, antes desesperos… 

O que, em última análise, é poesia:

Fazer da própria dor sabedoria.


Formiga - 12 03 1996


Nenhum comentário:

Postar um comentário